A ENIPD 2021-2025, no âmbito do Eixo Estratégico “Promoção da Autonomia e Vida Independente”, visa o cumprimento da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em particular, o disposto no seu artigo 19.ºdireito a viver de forma independente e a ser incluído na comunidade.
As políticas de desinstitucionalização em Saúde Mental (SM) em Portugal, têm levado ao desenvolvimento de serviços de base comunitária que visam promover competências habitacionais e inclusão social. Apesar de se promover uma abordagem centrada na pessoa e nas suas necessidades individualizadas, do ponta de vista contemporâneo, estas respostas não conduzem necessariamente a processos de integração comunitária, constituindo-se como uma nova forma de institucionalização (Assembleia Geral da ONU, 2020). As pessoas com experiência de doença mental (PEDM) continuam a estar sujeitos a regras e restrições à sua autonomia, que dificultam o pleno gozo dos direitos de uma cidadania ativa e participativa e perpetuam a dependência em relação às instituições e às suas famílias.
Em 2022, o Relatório do Comitê dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, emitiu várias diretrizes para a desinstitucionalização em que se inclui que, os Estados devem:
considerar a vida independente e estar incluído na comunidade, como “viver fora das instituições”
respeitar o direito de escolha, a vontade e preferências individuais: viver de forma independente e estar incluído na comunidade requer plena capacidade legal, acesso a habitação digna, emprego, educação, serviços de justiça, opções de suporte e serviços que permitam recuperar o controlo das suas vidas
promover o investimento em respostas mais individualizadas em alternativa às habitações partilhadas
Apesar da saúde mental ter ganho destaque nas políticas de saúde pública, continua a ser necessário o desenvolvimento de serviços que permitam às PEDM ter controlo pela vida.
O Projeto “Vida Independente e Comunitária: Saúde Mental” ser um contributo para:
-discussão sobre a necessidade desenvolver serviços que garantam o pleno reconhecimento das PEDM como cidadãos, respeitar o direito de escolha em viver de forma independente na comunidade e apoiar os seussonhos, aspirações e interesses
-autonomizar e dar voz às PEDM, promovendo a participação em iniciativas que lhes dizem respeito, defesa de direitos e partilha de histórias de autodeterminação e realização pessoal